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Os quantificadores são organizadores importantes que precedem os números. É desejável que eles estejam presentes desde o início da elaboração da linguagem, para que a criança desenvolva estratégias de raciocínio mesmo antes de saber contar.
São exemplos de quantificadores: Nenhum, todos, alguns, muitos, o, nem todos, apenas um, um, etc.

ELABORAÇÃO DE LINGUAGEM COM QUANTIFICADORES

O professor seleciona algumas peças e pede às crianças que formem frases observando os blocos do conjunto.
Por exemplo, o professor seleciona os seguintes blocos:
  • Quadrado Amarelo Grande Fino;
  • Quadrado Amarelo Pequeno Fino;
  • Círculo Amarelo Pequeno Fino;
  • Triângulo Amarelo Grande Grosso;
  • Círculo Amarelo Grande Grosso.
Em seguida, as crianças criam as seguintes frases:
  • Todos são amarelos
  • Um quadrado é grande
  • O triângulo é grande e grosso
  • Nenhum é retângulo.

CONSTRUÇÃO DE AGRUPAMENTO COM PISTAS DE QUANTIFICADORES SEGUIDA DE ANÁLISE

O professor apresenta algumas frases e pede à criança que construa um conjunto com cinco peças que obedeçam às frases apresentadas.
Nessa atividade é muito comum aparecerem conjuntos diferentes, mas desde que estejam de acordo com as frases determinadas, devem ser considerados corretos.


No período pré-lógico a criança já apresenta noções de classes. Ela já é capaz de separar seus brinquedos em grupos de bonecas, bichinhos de pelúcia, carrinhos, livros, dvd’s,cd’s, jogos e etc.
Ela também consegue compreender uma subclasse, como por exemplo,bonecas e bichinhos de pelúcia são brinquedos. Porém, se pedirmos que analise classe e subclasse ao mesmo tempo, terá muitas dificuldades de fazê-lo.
Nesse período a criança faz afirmações, mas não as argumenta para justificá-las.
Os Blocos Lógicos oportunizam situações ricas para o desenvolvimento dessa capacidade de argumentação, pois fazem com que a criança saia de seu pensamento onipotente, que só advém da sua própria realidade, para analisar algo externo.
Aos poucos a criança desenvolve a transformação da ação em pensamento, em operação mental. E os Blocos lógicos auxiliarão a criança na construção desse raciocínio.
Mais tarde, em torno dos oito ou nove anos, observamos que algumas crianças apresentam certas dificuldades na resolução de problemas matemáticos. Essa dificuldade, na maioria das vezes, se deve à incompreensão das ideias de classes e subclasses. Isto as impossibilita de analisar a situação, levando a maioria dos professores a concluir que a dificuldade está na interpretação pura da língua escrita ou na resolução de problemas em si, quando a falha está mesmo na estrutura de raciocínio lógico.
Cada função psíquica internalizada pela criança leva a uma nova reestruturação mental que interage com as estruturas pré-existentes. Quanto menor a idade da criança, maior sua plasticidade cerebral. Por isso, a estimulação, especialmente nessa fase, possibilitará um potencial muito mais amplo de raciocínio nas fases seguintes.

JOGO DE ANÁLISE DE ATRIBUTOS EM COMUM

O professor forma um conjunto:
  • Quadrado Azul Grande Fino;
  • Círculo Azul Grande Fino;
  • Triângulo Azul Grande Fino.
E apresenta as seguintes peças:
  • Quadrado Vermelho Grande Fino;
  • Triângulo Azul Pequeno Fino;
  • Círculo Amarelo Grande Grosso;
  • Retângulo Vermelho Pequeno Grosso.
E pergunta às crianças quais peças do segundo conjunto poderiam fazer parte do conjunto inicial.
Respostas possíveis:
  • O quadrado vermelho grande fino pode entrar porque é fino como os outros blocos.
  • O triângulo azul pequeno fino pode entrar porque é azul como os outros blocos.
  • O círculo amarelo grande grosso pode entrar porque é grande como os outros blocos.
  • O retângulo vermelho pequeno grosso não pode entrar porque NÃO tem a mesma forma, nem o mesmo tamanho, nem a mesma cor, nem a mesma espessura.

JOGOS DE INTERSECÇÃO

Os jogos de intersecção são excelentes para proporcionar às crianças situações de análise.
Primeiramente é preciso criar o problema e permitir às crianças que cheguem às suas conclusões. É o conflito que gera o desejo de encontrar uma solução.
O professor colocará dois aros (bambolês ou cordas) no chão, separadamente e sobre cada um deles um cartão com um atributo do mesmo tipo (ex: vermelho e azul). As crianças colocarão nesses espaços as formas correspondentes. O professor segue trocando apenas os atributos, mas mantendo os tipos (Grande e pequeno, grosso e fino, vermelho e azul, etc...), até que, em dado momento, o professor coloca atributos diferentes (azul e grande).
Isso confundirá as crianças, pois elas ficarão na dúvida sobre onde colocar as peças grandes e azuis. Até surgir a ideia de misturar os espaços, levando à noção de intersecção.
Diversas variações podem ser feitas, como uma em que o professor coloca blocos apenas na parte da intersecção e pede às crianças que descubram os atributos originais.
Também podem ser desenvolvidas intersecções com negações. São situações mais complexas que só devem ser apresentadas após a sedimentação da ideia de intersecção.
Os jogos com três ou quatro aros só são aconselháveis com crianças que possuam um bom domínio das atividades anteriores.



As expressões numéricas são momentos em que grande parte das crianças demonstra dificuldades. O motivo está numa fase muito anterior, quando a criança deve começar a interpretar sequências lógicas simples.
Os blocos lógicos fornecem excelentes oportunidades para estimular o desenvolvimento dessa aprendizagem. Além de possibilitar o desenvolvimento da capacidade de construir sequências lógicas, a criança é estimulada a encontrar soluções variadas para uma mesma situação, o que está diretamente relacionado a descentração, essencial nessa fase.
Ao observar diferentes sequências lógicas, a criança terá a oportunidade de perceber que é possível haver ideias diferentes referentes a um mesmo objeto. E a capacidade de investigação futura amplia à medida que esta percepção acontece mais cedo. A criança não aprende apenas a construir sequências lógicas, mas a não se convencer com respostas simples.
E como nas situações anteriores, toda ação deve ser permeada pela verbalização, pois a capacidade de argumentação viabiliza o sucesso da passagem para as operações mentais. Os pensamentos de ordens superiores pressupõem um pensamento autônomo, independente de pistas dadas por outras pessoas e que possibilita a autocorreção.

JOGOS DE CONSTRUÇÃO DE SEQUÊNCIAS LÓGICAS

Para realizar esses jogos serão utilizados os cartões de atributos mais os cartões de negação, no caso de crianças mais avançadas.
A quantidade de ordens é variável, podendo ir de duas a quatorze, incluindo os cartões de negação.
De acordo com a sentença, serão aceitas respostas únicas ou variadas. Quanto mais
complexa a sentença, mais definida será a resposta. Vejamos os exemplos:


Veja abaixo as fotos dos professores de 5º ano apresentando essas oficinas:


fonte:
MARTINS, Fernanda Medeiros Alves Besouchet. Dos blocos aos números: as operações lógicas e o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático da criança. In: Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão, 2012.

TOLEDO, Marília Barros de Almeida. Teoria e prática de matemática: como dois e dois, volume único: livro do professor. São Paulo: FTD, 2009.

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